O Brasil para os Changeling tem vários nomes. O mais geral e aceito é
Império do Crepúsculo. Variações também correm por aí: Terra do Ultimo
Crepúsculo, Terra do Crepúsculo. Os nobres costumam referir-se a ele como Emain
Ablach, que significa Terra das Fadas e seria apenas um dos nomes de Avalon.
Eventualmente também se referem ao império como Hy-Braazil. Reza a lenda que
quando os Fomorianos foram derrotados eles foram para uma ilha a oeste da Irlanda, do outro lado do Oceano e que o nome
dessa ilha seria Hy-Braazil. O mesmo destino teria sido seguido pelos Thuata de
Danan ao serem derrotados pela descrença humana. Fica a critério de cada
personagem acreditar ou não que o Brasil é o Hy-Braazil da lenda.
O império nasce dos sonhos do Brasil imperial. Considerem também a
época colonial, com bandeirantes e índios porque é um fator importante do
imaginário nacional. Portanto, aspectos, lugares e personagens dessa época
também estão presentes.
Nobres são "fidalgos". Sidhes se referem a si mesmos como
"patrícios" e "patrícias". Eles lembram a aristocracia de
raízes latinas e não exclusivamente gaélica ou celta, como nos nomes e modo de
se tratar.
O Império recebeu seu nome em referência a sua localização, à Oeste em
relação à Europa, e ao fato de ter sido colonizado efetivamente pelos Kithain
apenas após o Despedaçar, considerado por eles o Crepúsculo da Era dos Sonhos.
Ele é governado pela Imperatriz Camilla de Gywdeon e o Rei Marcius II de Liam,
ambos de orientação Reformista, pois pregam a integração harmoniosa entre as
Cortes (Selie e Unselie) e entre os Kithain e os Caapuã.
O império é dividido em reinos soberanos entre si e fiéis a bandeira
imperial:
REINO DOS MONTES VERDES - Basicamente o Sudeste, pegando um pouco do
Sudoeste da Bahia e estendendo-se pelo sul do Mato Grosso do Sul até a
fronteira. É nele que fica a capital do império, o Ducado do Belo-Mar,
governado pelo Duque Keldrian Nightrain de Liam.
No Alto da Boa Vista pode-se avistar (quimericamente) o Palácio do Sol
Imortal, sede do governo Seelie e morada de Mikhael Caesar Augustus, imperador
sidhe da Primavera.
Dirigindo-se ao Largo da Carioca, nos subsolos do Metrô e do Mosteiro,
encontram-se as passagens que levam ao Castelo das Sombras, no qual os Unseelie
tem seu Imperador do Inverno, Oiche Chiuin, o sluagh.
Ainda no centro, aquele com paciência e sorte, poderá vagar pelas ruas
do Saara até encontrar a Porta Encantada em algum dos becos, curvas ou entradas
do mercado de rua e assim atingir a Fortaleza das Mil Portas, onde Dona Andréa,
Exu Imperatriz do Verão, zela por seus compatriotas Caapuãs.
Também é neste reino que se encontra o maior Ducado do império, o
Ducado das Altas Torres (Grande são Paulo), governado pela Duquesa Elayne de
Fionna.
Alguns ducados de relevância que ficam no entorno da capital são o
Ducado das Brumas Serranas, reduto conservador Gwydeon abrangendo Petrópolis,
Teresópolis e demais cidades serranas em torno do Rio de Janeiro e que está sob
a égide do Duque Paranhos de Gwydeon.
Existe ainda o Ducado das Marés que compreende toda a Região dos Lagos
e é governado pela Duquesa Mariana Cavalcantti de Abulquerque de Fionna.
REINO DO ETERNO VERÃO - O litoral do nordeste. Governado pelo casal
real Caapuã, os Da Gama: Dom José (um Obá) e Dona Iara (uma Karuana). Ambos de
alinhamento “Unsellie”, modernistas e peças fundamentais na estrutura de poder
do Império.
REINO DOS PINHAIS - Paraná e Santa Catarina. O grande reduto
Tradicionalista do império. Governado pela Rainha Sidhe Lavínia de Gwydeon,
responsável pelo tratado de paz entre seu reino e o império. Sua orientação
política é tradicionalista, mas sua visão pacifista não admite mortes em nome
de causa alguma.
REINO DOS PAMPAS - Rio Grande do Sul. Governado pelo Rei Troll Flamínio
Agripa de Liam e pela Rainha Curupira Yv Vera. Uma forte aliança entre Trolls e
Caapuãs formou-se nesse reino, cuja culminância foi o casamento real. São de
orientação reformista e de forma geral apóiam o império.
REINO DOS CASTELOS ESQUECIDOS - Área da seca no Nordeste. Não há
nenhuma grande concentração de Kithains ou Caapuãs ali. É um ambiente
completamente hostil, um deserto infestado de feras quiméricas sedentas por
glamour. A paisagem seca é pontilhada por velhos castelos em ruínas, que dizem
pertencer aos True Fae de antes do Despedaçar. Dizem que alguns ainda habitam
seus castelos em Bedlam. Não tem governo
algum. Suas fronteiras são vigiadas pela guarda imperial para que nada escape
de lá e para avisar aos aventureiros que vão arriscar a sorte sobre os perigos
e ceder provisões e hospitalidade aos necessitados que vão entrar ou que
tiveram a sorte de escapar. É a terra do bando de Capitão Carniça do Mal e seu
grupo de cangaceiros. O Capitão Carniça é um Redcap fora-da-lei que assola a
região e seu grupo é constituído de kithains de todos os kiths, menos Boggans,
que o capitão odeia e diz serem “Maricotas de tripa frouxa que só servem pra
ter o bucho furado!”. As únicas figuras que o capitão parece respeitar são o
Santo Padin Padre Cícero e Lampião que é sua grande inspiração e modelo. Também
é conhecido por não ter medo de nada, nem dragão, nem mulher feia. Mas todos de
seu grupo sabem que ele jamais acampará perto da área de Canudos que ele
acredita ser amaldiçoada e cheia de fantasmas.
REINO DO XARAÉS - O Pantanal. Provavelmente o mais longe que um
changeling vai entrar impunemente na floresta densa. É governado pelo Rei Sidhe
Tibérius de Liam e dizem ser protegido por um grupo conhecido como "Vento
das Matas" que seria composto por membros da Casa Scathach. A organização
interna é bem mais flexível do que a dos outros reinos, cada grupo ou vila
sendo quase autônoma. Tibérius acredita piamente que o melhor governo é o que
governa menos. Claramente um Modernista, vive a maior parte do tempo no seu
palácio na ilha flutuante de Urbi Maxima que vaga pelos rios e lagos da região
sem que jamais se saiba onde está. Quando comparece aos conselhos é para
criticar veemente o império e sua estrutura. Os tradicionalistas o adorariam se
ele não apontasse sua língua ferina para eles boa parte do tempo também. Era
mais contido anteriormente devido a sua amizade pessoal com regente anterior,
mas ninguém sabe o que esperar dele com o advento do novo imperador.
EWARË, O PROTETORADO DA FLORESTA - Toda a floresta Amazônica é uma área
militar em termos de império. As nações Caapuãs são mais fortes nessa área e o
império tem apenas capitanias em algumas cidades. As principais são: a
Capitania do Rio Negro, em Manaus, de longe a maior de todas elas, e o Ducado
das Mangueiras, em Belém, um reduto unsellie. Esta é uma área explosiva.
Kithains de outras nações às vezes pensam em proclamá-la para suas nações,
licantropos e zooantropos variados guerreiam entre si e contra seus inimigos, vampiros
vêm se esconder, poderosos pajés humanos e Caapuãs evocam suas exóticas
Encantarias sob aqueles que se aventuram no interior da Floresta. Durante os
conflitos entre nativos e colonizadores as Nações Caapuãs organizaram o Grande
Conselho, que reúne os mais sábios anciões das Tribos consideradas nativas da
Floresta (Caiporas, Curupiras, Karuanas e Mapinguaris), o que estranhamente
inclui um representante dos Elegbara, os Changeling africanos (tradicionalmente
um Obá da Família Jejé). O grande conselho reúne-se secretamente em uma
ilha-glade no Arquipélago do Marajó, pelo menos duas vezes por ano, durante a
mudança de estação de cheia e vazante do Grande Rio Amazonas. O império
recentemente selou um acordo com o Grande Conselho Caapuãs. Os termos do Acordo
são os seguintes: as cidades seriam refugio para os "Warazus"
(Kithains) e estes se comprometeriam a não invadir as florestas, respeitar as
leis Caapuãs e ajudar contra qualquer inimigo que agredisse essas mesmas nações
e seu território. Em troca, as nações Caapuãs permitiriam a “movimentação” (mas
nada de assentamentos) de indivíduos Warazu pela Floresta, cedendo-lhes
igualmente ajuda em caso de necessidade e respeitariam as cidades como refugio
e território Warazu. Essa política colaboracionista tem funcionado muito bem
até agora sob a orientação do Capitão Marcelus de Liam.
REINO DOS CRISTAIS - O Planalto Central e adjacências. O maior reino do
império, superado em área somente pelo Protetorado da Floresta. É governado
pela Rainha Iuno de Eiluned. O império não abastece seus freeholds apenas com
Fogos Feéricos originários da Pira da Serpente, mas também com Fontes de
Glamour. São fontes de água quimérica que emergem dos cristais e pedras que são
obtidos quase que exclusivamente do Reino dos Cristais. Muitas das pedras que
são obtidas e vendidas em lojas esotéricas, se vindas deste reino, tem algum
glamour nelas. Algumas, mais raras, foram infundidas pelo glamour de tal forma
que se colocada de modo apropriado num local cujo glamour seja particularmente mais
alto, e se os rituais corretos forem seguidos, ela torna-se um escoadouro do
Sonhar e Glamour em forma de água nasce através dela, tornando o freehold
permanente. É uma área que esconde segredos antigos, naturalmente ligados as
propriedades dessas pedras, e diz-se que foi a primeira área na qual os
Encantados se estabeleceram quando vieram pra cá fugindo da banalidade
européia. A rainha Eiluned tem clara consciência do que é ser governante do
território que pode prover material para freeholds e é por sua causa (será só
dela?) que o planalto central é conhecido como "terra de intrigas".
Os imperadores mantêm dois postos avançados nesse reino. Uma no Ducado dos
Golens (Brasília), para grande desagrado da rainha que fez de lá sua capital e
outro na fronteira com a Grande Floresta, conhecido como Capitania Imperial, de
onde eles costumam tratar com os Povos da Floresta quando requerido. A
Capitania Imperial é governada pela Capitã-Mor Viviane, uma Exu.
CAPITANIA DOS GOLFINHOS - Muitos consideram que essa ilha é nada mais
nada menos que a Avalon das lendas. Mesmo que não seja, Fernando de Noronha não
deixa nada a dever a ilha mitológica. É governada pela Rainha Magna Lucia
(normalmente Rainha Lucia), uma epítome de beleza sidhe feminina. As relações
da ilha com o império são, no mínimo, questionáveis. Embora o império
classifique a ilha como capitania, seus habitantes consideram-se a si mesmos
como um reino à parte e parecem não dar a mínima pro que o império diz. Quem
chega lá recebe informações sobre "nosso reino" e não sobre "a
capitania". Mandados e proclamações parecem não surtir muito efeito
também. De modo que a área é tida como uma espécie de "zona franca"
ou "paraíso legal", onde todos parecem viver em implícita harmonia.
Como o povo da ilha jamais apoiou nenhum inimigo do império e também não se
mostra hostil ao território imperial, os imperadores permitem que a ilha seja
uma espécie de "área de catarse" para onde os mais revoltados acabam
indo, relaxam, se acalmam, e quase sempre, voltam menos perigosos do que foram.
A rainha não é envolta em condições mais simples. Dizem as lendas que a Rainha
Lucia é acometida de mudanças de humor graves e que uma vez por mês ela seria
completamente tomada por seu aspecto Unseelie e vagaria pelas praias da ilha em
busca de uma vitima que seria submetida a sabe-se lá que torturas. Outros
desconfiam seriamente de suas alegações de pertencer a casa Fionna e acreditam
que ela seria a única descendente de uma tal casa Sebastiana, legitima herdeira
do Lendário Rei D. Sebastião, e teria sido amaldiçoada a permanecer no fundo do
Oceano por um tempo indeterminado em sua cidade submersa. Ainda segundo esses
boatos, quando a cidade de Dom Sebastião viesse à tona mais uma vez, algo que
certamente teria a ver com a Rainha Lucia, as ilhas de Marajó e Fernando de
Noronha afundariam para dar-lhe lugar. De qualquer modo, as andanças noturnas
da rainha durante suas crises, parecem ter dado bases para as lendas da Alamoa
na ilha.
A HISTÓRIA CHANGELING NO BRASIL
É de conhecimento geral que o cataclisma conhecido pelos Kithain como
“A Separação” foi muito mais tardio e abrupto no Novo Mundo. Até o crepúsculo
do Século XV, quando a chegada dos colonizadores trouxe consigo todo o peso da
banalidade européia à América, índios e Encantados conviviam em relativa
harmonia nas profundezas das áreas selvagens. Na América do Sul os Caapuãs,
também conhecidos como Encantados, alimentavam-se dos sonhos e temores
indígenas enquanto os ensinavam as lições sobre o respeito a natureza e a
importância de manter intocados os lugares sagrados onde o Mirakamby, ou
Glamour, flui livremente do “Fundo” para o Mundo da Superfície.
No Brasil a colonização portuguesa teve um impacto decisivo na
conformação da sociedade Changeling, pois se alega que a nobreza portuguesa
possuiu uma importante influência da nobreza Sidhe que já foi usada para
legitimar a regência sobre a aliança de nobres que compõem o atual Império do
Crepúsculo. De fato alguns cortesões e estudiosos insistem em reivindicar uma
relação sangüínea entre a atual Regente, Imperatriz Camilla de Gywdeon e o
Herói Lendário, Dom Sebastião, Rei de Portugal.
No período conhecido como Interregnum, quando a ausência Sidhe e os
avanços tecnológicos e científicos provocaram uma reviravolta na sociedade
Kithain européia, enquanto os plebeus buscavam novas formas de organização
social para se defender do avanço da banalidade, alguns kithain acabaram
chegando às Colônias ao Sul do Novo Mundo em busca de refúgio seguro e novas
possibilidades, esses pioneiros alimentaram os sonhadores locais com suas
próprias tradições, mas aqui acabaram encontrando a resistência de changelings
nativos. Nascidos dos sonhos e mitos dos nativos, alguns seres quiméricos
próprios da América do Sul desenvolveram por seus próprios meios o Caminho
Changeling para fugir da Banalidade trazida pelos colonizadores europeus, eles
ficaram conhecidos como Caapuãs. Da mesma forma como os colonizadores europeus
entraram em conflito com os nativos, Kithains e Caapuãs batalharam. Esses
conflitos quase sempre envolviam disputas por território e pelas fontes
naturais de Glamour no Novo Mundo.
Embora muitos Changeling buscassem selar acordos de paz, em alguns
casos bem sucedidos, a desconfiança regeu a maior parte da história das
relações entre as duas facções e mesmo hoje, após todos os esforços da Corte
Imperial, da incorporação de Caapuãs às cortes e do recente pacto com o
Conselho de Anciões do Protetorado das Florestas, ainda há um certo desconforto
de muitos Encantados que se recordam das batalhas travadas no passado e se
ressentem da arrogância que certos nobres insistem em cultivar. De outro lado
os Kithain de forma geral temem que a aparente falta de organização e
disciplina dos Caapuãs e sua resistência em aderir ou mesmo cooperar com o
Império enfraqueça a resistência changeling para resistir ao longo inverno que
se aproxima rapidamente.
Na longa e conturbada história da relação entre Changeling nativos e de
origem estrangeiras, os Elegbara, Changeling Africanos, merecem, certamente, um
capítulo à parte. Vindos ao Brasil principalmente a partir do sangue e dos
sonhos dos negros feitos escravos pelos colonizadores europeus, o testemunho de
sua luta de resistência contra a dominação européia, as marcantes afinidades na
concepção de mundo e costumes observados entre as fadas africanas e nativas, a
solidariedade nascida na luta ombro-a-ombro contra a opressão e arrogância
européias fez nascer uma grande afinidade e empatia entre os Caapuãs e os
Elegbara exilados, de tal forma que Exús e Obás de ascendência africana são
considerados irmãos pelos Changeling nativos.
A ligação dos Elegbara com o solo brasileiro é tão profunda que de fato
há duas famílias de nobres Obás que tomaram territórios brasileiros como seus
protetorados, regendo os Exús destas terras, uma mantém seu protetorado na
Bahia (Nagô) e a outra no Maranhão (Jejé), ambas se consideram irmãs e remetem
suas origens ao lendário Quilombo dos Palmares. Tradicionalmente uma família
assume o aspecto Ojo (Seelie), enquanto a outra se deixa reger pelo aspecto Iku
(Unseelie). Na atualidade o aspecto Ojo é representado pela Família Jejé
Maranhense cuja Grande Anciã tem assento no Grande Conselho Ewarë na Amazônia,
enquanto o aspecto Iku rege a Família Nagô da Bahia, cujo Grande Ancião é
ninguém menos do que o próprio D. José da Gama, talvez o mais importante aliado
Kithain em terras tupiniquins por ser o Regente do Reino do Eterno Verão,
compondo a Corte do Império do Crepúsculo.
Com o Advento da Ressurgência no final da década de 60 e o consequente
retorno dos Sidhe, alguns membros do Kith dos nobres, para espanto de muitos,
ressurgiram em solo brasileiro, o que foi atribuído por alguns estudiosos ao
legado do lendário D. Sebastião. Mas talvez em conseqüência do resurgimento
brasileiro se dá em plena Ditadura Militar, é significativo o volume de nobres
que rompem a crisálida entregando-se a seu legado Unsellie. Rapidamente os
Sidhe ressurgidos transformaram a desorganização dos Kithain locais, reunindo
reinos independentes e protetorados, em um pungente Império, o Império do
Crepúsculo, sob a mão firme de D. Manoel de Gywdeon.
O império nascente tratou de forma bastante conservadora e tradicional
a resistência dos Nativos a um governo Sidhe unificado, o que fatalmente fez
ressurgir com renovado vigor a animosidade e o rancor entre Caapuãs e Kithains.
A resistência dos Encantados era extremamente dispersa e desorganizada e os
Sidhe tinham a seu lado a disciplina e a experiência militar. A influencia e a
sabedoria das Famílias Obá Elegbara, foram fundamentais para organizar a
resistência Caapuã após duras derrotas. No Norte os Jejé articularam a criação
do Conselho Ewarë para unificar a resistência dos Changeling nativos ao assedio
Kithain, enquanto no Nordeste os Nagôs tornaram impossível a criação de um Reino
unificado usando táticas de terror e guerrilha para combater as tropas
imperiais.
No Sul, uma Rebelião encabeçada por plebeus Trolls e Caapuãs depôs o
títere regente local ameaçando a unidade do instável Reino dos Pampas. E no
final da década de 80 o Grande Ancião Nagô enfrenta e derrota o Próprio D.
Manuel em combate épico na Chapada Diamantina, em um episódio que lhe custou a
própria vida.
Ao fim de duas décadas de conflitos sangrentos encobertos pelo manto da
Ditadura Militar, o Império está seriamente abalado. Um conselho de nobres
assume a regência por dois anos até que a Infante Imperatriz Camilla possa
assumir seu lugar de direito como herdeira da Coroa.
Como uma de suas primeiras ações à frente do Império, a jovem Rainha
envia seu Emissário de confiança, D. Marcius da Casa Liam, para negociar um fim
pacífico para a Rebelião nos Pampas. Sua decisão a principio mostra-se extremamente
controversa entre a nobreza imperial, mas por fim se demonstra acertada com o
fim bem sucedido das negociações.
Fortalecida pela bem vitória pacifica nos Pampas, a jovem Imperatriz
Camilla, novamente aconselhada por D. Marcius, lança mão de uma manobra
arriscada, e propõem ao Grande Ancião Nagô, D. José da Gama, a criação, no
Nordeste, do Reino do Eterno Verão, oferecendo-o o Título de Rei. Para surpresa
geral o líder rebelde aceita a oferta e jura lealdade ao Império. Esta aliança
abre o caminho que permitirá, ainda no início dos anos 90, o pacto entre o
Império e o Conselho Ewarë dos Caapuãs Amazônicos, que formalizará o
Protetorado da Floresta e teoricamente colocará fim aos conflitos entre
Kithains e Caapuãs na Região.
O SEBASTIANISMO E OS KITHAIN BRASILEIROS
A história toda é muito controversa, mais o fato é que muitos nobres do
Império do Crepúsculo alegam que em meados do século XVI, dois séculos após a
fuga dos nobres para Arcádia que marcou o Despedaçar, nasceu entre os membros
da influente Dinastia Aviz, um Nobre Sidhe que rapidamente seria conhecido em
todo o Mundo com D. Sebastião I, Rei de Portugal.
Estudiosos o identificam como um membro perdido da Casa Scathach, que
não havia se retirado para Arcádia. Outros membros mais entusiastas do Império
do Crepúsculo alegam que D. Sebastião pertenceu a Casa Gywdeon e que surgiu em
Portugal quando uma Onda de Glamour varreu a Península Ibérica com o início da
Era das Grandes Navegações e reabriu, por rápidos instantes, os portais para
Arcádia localizados naquela região, segundo esses mesmos estudiosos D.
Sebastião teria vindo para cumprir uma missão especial conferida pelos Alto
Lordes de Arcádia, fortalecer o Sonho ante o prejuízo causado pela deflagração
recente da famigerada Inquisição Espanhola. Há quem vá mais adiante e afirme
que Sebastião era na Verdade o Semblante Mortal de um Lorde Sidhe conhecido
como Viriato que no século II a.C. havia liderado a resistência dos Celtíberos
contra a dominação Romana.
Contos lendários relacionam o episódio da Batalha de Alcácer-Quibir,
cenário histórico da morte de D. Sebastião, como uma fachada que acobertou
conflitos entre Changeling liderados pelo lendário monarca e vampiros de uma
linhagem muçulmana que manipulava a Dinastia Saadi no Marrocos. Para esses
Adeptos do Sebastianismo o nobre espírito Sidhe que impulsionou as aventuras
épicas do curioso Rei português findaram com a morte física dele e do títere
lacaio vampírico que dominava o Marrocos, sua alma quimérica teria retornado à
Arcádia, de onde ele ressurgirá para reinar sob seus herdeiros, no Império do
Crepúsculo, guiando-os para uma nova Primavera do Sonhar.
GLOSSÁRIO
Ancião: Termo usado pelos Caapuãs que significa o mesmo que Rezingão.
Anobátibauí: Termo Caapuã usado para referir-se a Umbra, o mesmo que
"O Fundo".
Axé: Termo Elegbara que significa o mesmo que Glamour.
Bando: Agrupamento de Encantados, o mesmo que mixórdia.
Bugre: Termo pejorativo usado pelos Kithains para referir-se aos
Encantados.
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