"Bem vindo, filhote. Me chamam de Mãe Clarisse “Cata-Retalhos”, Galliard e Roedora de Ossos pela Benção de Luna, Adren por competência e uma Guardiã do Utinga por opção. Como você é um de nós agora, já é hora de saber um pouco mais sobre esta cidade e o mundo espiritual.
Nós,
roedores e os orgulhosos Andarilhos do Asfalto somos os únicos que reconhecem
as Cidades como lar, embora tenhamos razões completamente diferentes. Explorar
os segredos da selva urbana de ferro, vidro e concreto é uma tarefa perigosa,
mas em um mundo tomado cada vez mais pela presença do homem, é vital sabermos
sempre onde estamos andando quando caminhamos à sombra das metrópoles. Como bem
deveriam saber os Garras Vermelhas, neste mundo selvagem de metal retorcido,
adaptação é tudo.
Belém
é a metrópole da Amazônia, a porta de entrada para estas terras ainda pouco
exploradas e imersas em lendas e mistérios. Embora relativamente pequena quando
comparada com Rio ou Sampa, Belém tem uma história bem antiga. Você já deve ter
ouvido falar da tal Bella Époque, não é? Naquele tempo Belém chegou a ser
considerada uma das cidades mais modernas e desenvolvidas das Américas! E, por
incrível que pareça, foi a primeira cidade do país a receber bondes e postes de
iluminação elétricos, o que tornou esse lugar um paraíso para os Cavaleiros do
Ferro, ancestrais dos Andarilhos do Asfalto, mas isso é tema para uma outra
conversa...
Poucos
de nós, mesmo entre os que vivem aqui, conhecem os segredos da Umbra belenense,
e acredite, ela pode ser bastante perigosa... A Penumbra da cidade é complexa e
foi moldada sua história e seu povo. Fundada pelos portugueses que massacraram
os índios tupinambá que viviam por essas bandas, a cidade foi construída sobre
uma área de várzea recordada por igarapés hoje drenados e aprisionados em galerias
subterrâneas sob suas ruas. Na penumbra toda essa história fica muito clara...
A
penumbra aqui é repleta de áreas pantanosas maculadas pelo sangue derramado no
extermínio dos índios e dos revolucionários cabanos no passado tumultuado da
cidade. O antigo Igarapé das Almas, onde os cabanos tocaram o terror chutando
os traseiros da elite portuguesa, é assombrado pelos espíritos inquietos dos
cabanos e fica onde, no mundo físico atual, encontramos a Doca, onde os filhos
de papai da elite da cidade reúnem-se para ostentar sua riqueza.
O
imponente Forte do Castelo expõe na Umbra seu verdadeiro caráter como pedra
fundamental da dominação da coroa portuguesa na região e palco do massacre dos
índios que habitaram a região, apesar de sua bela aparência no mundo físico,
seus calabouços ainda guardam passagem para Malfeas ou para o Reino das
Atrocidades e durante a noite espíritos inquietos podem ser ouvidos gemendo sob
a construção sombria, um forte cheiro da Wyrm emana daquele lugar amaldiçoado.
Na Umbra de Belém encontramos também
outro Forte, o Forte de São Pedro Nolasco, que embora não exista mais no mundo
físico, está localizado ao lado de uma construção tomada pelos espíritos da
Weaver, a Estação das Docas. Este segundo forte, que no mundo físico não passa
de um curioso sítio arqueológico, foi erguido em cima de uma formação rochosa
dentro do leito do rio e está ligado a cidade por uma pequena ponte. Ele também
é um covil de poderosos servos da Wyrm, embora seja menor que o primeiro. E na
Umbra o velho forte esquecido ainda encontra-se cercado pelas águas turvas do
rio como foi no passado, antes do aterramento de toda margem da Baía. Você pode
não acreditar, mas houve uma época que a atual Avenida Presidente Vagas
desemborcava diretamente no rio e durante a invasão Cabana na Cidade, os ricos
e poderosos foram capazes de saltar direto das janelas no velho prédio da CDP
para os barcos ancorados à margem da baía.

A
Catedral da Sé, embora, menor e menos imponente no mundo físico, ainda emite a
mesma luminosidade pacificadora e parece uma catedral magnífica vista da Umbra.
De alguma forma o reflexo umbral da Sé consegue manter reclusos os perturbados
espíritos do Forte do Castelo. O caminho traçado pela procissão do Círio entre
as duas igrejas é o mais seguros a ser percorrido por viajantes incautos que
visitam o reflexo umbral de Belém, pois a procissão anual parece promover uma
espécie de purificação espiritual desse percurso deixando-o livre dos espíritos
mais perigosos.
Já
os becos estreitos e sombrios da Cidade Velha abrigam criaturas misteriosas,
alguns também ligados a Wyrm, que escondem passagens secretas e segredos
antigos. Os espíritos da Weaver concentram-se, sobretudo, ao longo da Avenida
Presidente Vargas, centro financeiro de Belém, e no Campus da Universidade
Federal do Pará e cercanias, corrompidos pelo cheiro fétido da Wyrm que emana
das invasões em volta.

O
reflexo umbral da Avenida Almirante Barroso ainda comporta a antiga estrada de
ferro Belém-Bragança, já bastante corroída pelo tempo, e tem muito mais verde a
sua volta do que seu correspondente no mundo físico devido à expansão recente
da cidade, as sua margens ainda impõem-se os restos da imensa e velha
Castanheira que deu origem ao nome do maior Shopping da Cidade, onde outrora
esteve o erigido o Caern dos Dormentes Cantantes, um centro do poder dos
Andarilhos do Asfalto que encontrou um fim trágico. A velha árvore, que um dia
foi o coração do Caern, resiste bravamente à dominação dos espíritos da Weaver
enquanto é envolvida pela Teia das Aranhas padrão.

A
Torre da RBA e o Monumento a Cabanagem são dois exemplos de construções
relativamente recentes que tiveram força suficiente para se impor no mundo
espiritual. A Torre é uma estrutura prateada e resplandecente que na Umbra
parece ainda mais alta erguendo-se, imponente sobre a cidade e é protegida por
espíritos da Weaver hostis. O complexo do entroncamento, refletindo a impressão
espiritual das milhares de pessoas frustradas com o transito da cidade que
passam por ali, é um lugar úmido e sombrio.
O
Parque do Utinga é um domínio da Wyld, onde se encontra nosso Caern, aqui,
Tapirê-Iauara, o espírito dos Lagos Bolonha e Água Preta, alimenta a vida em
toda cidade correndo pelas encanações para nutrir a cidade sedenta, como o
sangue corre em nossas veias para alimentar nossos corpos. E os filhos da
clareira protegem e abrigam os espíritos silvestres menores sob o olhar atento
do grande Guaimiaba.

3 comentários:
Certo, Old Drive. Obrigado pela dica. Já alteramos o Layout. Veja nossos outros posts também. :)
Adorei!
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